Grupo Corpo aporta no Teatro Sérgio Cardoso trazendo na bagagem um espetáculo composto por duas obras: Gil Refazendo, última criação da companhia (2022), com Trilha de Gilberto Gil, e Breu, de 2007, com música de Lenine.
Coreografia: Rodrigo Pederneiras
Música: GIlberto Gil
Cenografia e iluminação: Paulo Pederneiras
Figurino: Freusa Zechmeister
A trilha especialmente criada por um dos papas da música popular brasileira, Gilberto Gil, chegou às mãos de Paulo e Rodrigo Pederneiras em 2019. E ganhou sua primeira tradução cênica - GIL. Três anos depois – com a pandemia do Covid-19 no meio -, a música voltou ao palco em uma nova encarnação, no espírito de renovar, reconstruir, rever, reviver. Refazer. “É um novo espetáculo”, diz o diretor artístico da companhia, Paulo Pederneiras. O nome ganhou o aposto: GIL REFAZENDO. Assim como a música de Gilberto Gil, que se ergue na releitura de temas famosos do compositor baiano, o balé foi reconstruído. Inteiro.
A cenografia se apoia numa imagem de fundo em milimétrico movimento. “São imagens em zoom de girassóis que lentamente voltam à vida”, conta Paulo Pederneiras. Vestidos de linho em tom cru – moças de camisa sobre uma malha de duas peças, rapazes de calça e camisa de corte casual - os bailarinos dançam sob a luz “branca e simples”, diz Paulo. Na música, surgem frases e temas de canções de Gilberto Gil - retrabalhadas, mas perfeitamente reconhecíveis nas suas variações, sobre tambores ancestrais, distorções do aparato eletrônico, afoxé, modinha, berimbau e um naipe de sopros de pegada jazzística.
Coreografia: Rodrigo Pederneiras
Música: Lenine
Cenografia e iluminação: Paulo Pederneiras
Figurino: Freusa Zechmeister
Tradução poética da violência e da barbárie dos dias que vivemos, Breu, balé que Grupo Corpo estreou em 2007, é a mais demolidora partitura de movimentos escrita por Rodrigo Pederneiras em 30 anos de atividade como coreógrafo da companhia mineira de dança. Para expressar em movimentos a densa e lancinante trilha sonora criada por Lenine, coreógrafo e bailarinos precisaram deixar de lado a sensualidade, o lirismo, a alegria e a brejeirice que, desde 1992, caracterizam o trabalho do grupo e partir para formulação de novos códigos de movimento. Desta vez, a potência, a angulosidade e a rispidez dão o tom do balé. A brusquidez das quedas e uma penosa morosidade nas subidas parece condenar os corpos a se reter por mais tempo ao rés chão e, desta forma, a mover-se com o auxílio da pélvis, dos pulsos, dos cotovelos, dos joelhos, dos tornozelos, dos calcanhares. Para se manter de pé ou ficar por cima, é preciso ignorar o outro e encará-lo como inimigo. O individualismo, o triunfo a qualquer preço e a disposição para o confronto como estratégia apriorística de sobrevivência parecem reger a movimentação dos bailarinos no decorrer dos quarenta minutos de espetáculo.
A música original de Lenine combina uma vasta gama de timbres, samplers, efeitos, citações e estilos, na construção de uma instigante babel sonora, concebida como uma peça única, de oito movimentos, que vão do hard rock à tradição de gêneros populares brasileiros. Paulo Pederneiras emoldura o espaço cênico com grandes placas negras e brilhantes, dispostas lado a lado com precisão geométrica, remetendo à frieza própria das superfícies azulejadas. De malhas inteiriças e todo em preto e branco, os figurinos criados por Freusa Zechmeister dividem ao meio o corpo dos bailarinos: enquanto na região frontal têm preponderância as estampas geométricas variadas, as costas ganham, de alto a baixo, um negro intenso e brilhante. Sob a incidência da luz, o brilho das malhas ressalta as saliências e concavidades das formas, fazendo com que, aqui e ali e por frações de segundo, os bailarinos se misturem ao cenário, emprestando volume e sinuosidade à sua estética retilínea e bidimensional.
Selo especial: Temporada Presencial.
Espetáculo: “Gil Refazendo” e “Breu”
Linguagem artística: Dança
Companhia: Grupo Corpo
Classificação etária: Livre
Ingressos: Ingressos a partir de R$25,00 via Sympla